sexta-feira, 31 de agosto de 2007

A vida continua sem você

I'm tearing away
Pieces are falling I can't seem to make them stay
You run away
Faster and faster you can't seem to get away
- Drowning Pool, Tear Away

Eu ando pensando sobre quanto do meu péssimo humor, surtos de grosseria e falta de paciência são pose e quanto é verdade. Ultimamente eu costumava pensar "ah, eu tenho essa pose mas todo mundo sabe que importa sabe que eu não sou assim" mas não tenho mais tanta certeza. O que signfica que eu não estou mais me reconhecendo, o que é bastante estranho. Bom, talvez nem tanto, já que eu estou tentando fazer várias coisas que eu não estou acostumado a fazer, tais como ignorar determinados sentimentos ou evitar pensar em determinadas coisas. Não tenho feito nada disso muito bem, admito, mas todo esse conjunto estava me fazendo passar por um momento muito, muito ruim e agora, quando finalmente tudo parecia estar entrando nos eixos, eu me vejo cada vez mais parecido com a persona de bad guy (por falta de termo melhor) que eu construí pra mim mesmo ao longo desses anos todos.

Todo mundo tem problemas, montes deles. Hoje conversei com uma menina da faculdade sobre isso e fiquei abismado com os problemas imediatos dela, que fazem os meus parecerem brincadeira de criança. Granted, meus problemas a longo prazo são muito sérios, tanto que eu evito pensar neles (ou escrever sobre eles, ou falar deles) a maior parte do tempo... mas acho que são eles que me incomodam mais, no final das contas. São o que me fazem pensar se vale a pena estar estudando pra cacete quando nem sei se vou conseguir de fato exercer essa profissão; heck, nem sei se vou estar conseguindo somar dois e dois quando (se) concluir a faculdade.

Hoje é aniversário do meu pai. Tentei ligar pra ele, mas ele não atendeu. Não dá pra fazer muita coisa em relação a isso. Eu tava evitando comentar pq, sei lá, eu só reclamo de tudo e isso incomoda (até eu ando cansado da minha auto-piedade)... mas meu pai tá com câncer no pulmão. Eu não sei a quantas tá, exatamente, mas deve ser muito sério. Ele tinha me chamado pra morar com ele, mas eu fiquei muito com o pé atrás. Por um lado, é o meu pai e (PUTAQUEPARIU!) eu quero passar o tempo que eu puder com ele, mas por outro lado ele não me dá a mínima atenção faz oito anos e atrapalhou muito a minha vida, da minha mãe e dos meus irmãos direta e indiretamente nesse período de tempo. Detesto o pensamento de que ele merece morrer velho e sozinho, corroído por dentro por um vício que eu tento fazê-lo largar desde os seis anos... mas é um pensamento que me cruza a mente de tempos em tempos. Não quero pensar assim, não tenho o direito de determinar quem merece ou quem não merece esse ou aquele destino, mas também não consigo dar a cara a tapa e dizer "saca só, você fodeu com a minha vida e agora eu vou terminar de foder com ela pra você não morrer sozinho".

Eu queria muitas coisas. Eu queria poder determinar conscientemente de quem eu não gosto ou não gosto, pra não sofrer quando falsos amigos esfregam na minha cara o quão pouco se importam comigo. Eu queria poder retribuir na medida certa a afeição que as pessoas que gostam comigo demonstram; queria gostar de quem gosta de mim, não gostar de quem não gosta, odiar quem odeia e amar quem ama. Queria guardar minha grosseria pra quem é grosso comigo, em vez de descarregar nas pessoas que eu mais amo. Queria conseguir me dedicar verdadeiramente ao estudo de japonês. Queria uma banda e queria ter mais aptidão musical. Queria parar de ser idiota e viver no passado e aceitar que a merda do mundo mudou e já estava na hora de eu mudar também. Queria ter meus amigos perdidos de volta, queria conhecer mais pessoas novas, queria ser uma pessoa mais interessante.

Acima de tudo isso, queria subverter o status quo. Pelo menos no que tange um certo alguém.

Um comentário:

Anônimo disse...

Thiago Rosa, super bad boy número 1 da escola.

Mas sério agora, tô feliz de você ter dado o primeiro passo. Gostaria de poder dizer "agora é só..." mas não é só, mudar é difícil. Eu adoraria ter algo de útil pra te dizer, mas a verdade é que eu não tenho.

Mas, e eu não sei se isso conta como algo de útil, lembre-se que você não precisa encarar seus problemas sozinho. Pelo menos não todos eles.

E outra coisa, "subverter o status quo" pode funcionar pra impressionar a Calibre, mas acho que você sabe que para mudar uma situação você precisa ter outra como objetivo, ne?

Enfim, outra hora a gente se fala direito, kid. Se você não quiser falar sobre isso eu te encho o saco até você falar.