quinta-feira, 13 de novembro de 2008

Gelo

Estava sentado em um banco solto de ônibus. Chovia fino, em diagonal, molhando meu braço pendurado para fora na janela. Uma brisa, não exatamente fria, apenas refrescante, entrava pela fresta aberta carregando algumas gotas que molhavam meu rosto.

Me levantei para saltar e me atingiu como um soco. Um forte sentimento de estranheza. Olhei para os lados, aflição subindo pela minha garganta. Nada. Luzes frias, assentos vazios, pessoas desligadas como se fossem aparelhos esquecidos em um canto de oficina. Gelo nas veias. Fiz o sinal, saltei do ônibus, mais gelado que a água da chuva ou a brisa refrescante.

A rua deserta, uma luz falhando, carros atravessando cautelosamente o cruzamento. Gelo. Tremia e olhava para trás. Caminhava a passos largos. Alguma coisa estava errada e eu sabia disso. Ofegava.

Enfiei a mão no bolso... tinha perdido minha chave.

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