Então, a verdade é que tinha esse cara. O nome dele era André e ele era um garoto bem comum. Classe média decadente, pai publicitário separado da mãe psicóloga, dizia que era branco mas na Europa passava fácil por preto, dezesseis anos de cabelo preto caindo descuidado pelos ombros, estaturazinha mediana, All Star mais gasto do que precisava no pé, camisetas geralmente pretas. André era esse cara.
O garoto crescia estudando em uma dessas escolas públicas tidas como de elite. Sabe, aquelas das quais todo pai enche a boca pra dizer 'meu filho estuda lá'. Aquelas mesmas, aquelas que definem a 'elite intelectual' da cidade. E o nosso André, esse garoto bem comum de classe média decadente, estudava em uma dessas escolas. Não é como se ele fosse um gênio nem nada, André só não teve escolha - a mãe disse 'ou passa ou vai pro município'. Não tem nada mais decadente pra uma criança de classe média decadente que estudar no município. Daí, André se lascou de estudar e passou pra tal escola de elite.
A gente encontra o André por aí, uns cinco anos e meio (tire ou ponha alguns dias) depois de entrar no colégio. E eu vou te contar, rapaz... a vidinha do André estava bem mais ou menos...
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